Por Carlito de Souza
Quem me conhece sabe que não tenho político de estimação. Mas poucas coisas me revoltam tanto quanto ver a injustiça, nua e crua, sendo cometida diante dos nossos olhos — e silenciada pelo peso da conveniência política. No caso do deputado Glauber Braga, o que se presencia não é apenas um erro: é uma tentativa orquestrada de calar uma das vozes mais firmes e coerentes do Congresso Nacional.
Glauber está sendo julgado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por ter reagido a provocações explícitas do militante do MBL, Gabriel Costenaro, dentro do próprio Parlamento. O episódio, embora institucionalmente delicado, exige contexto: Glauber perdeu o controle após ofensas dirigidas à sua mãe, então gravemente doente e que faleceria semanas depois. Que ser humano, diante de tamanho golpe emocional, agiria com frieza e cálculo político? Sua reação foi visceral, legítima e compreensível.
Por trás da ameaça de cassação, há mais do que um discurso moralista sobre decoro parlamentar. Há uma engrenagem política movida por figuras como Arthur Lira — o mesmo que arquitetou e instrumentalizou o infame “orçamento secreto” para comprar apoios, distribuir bilhões com opacidade e consolidar um império de influência pessoal. Lira transformou a estrutura do Legislativo em uma usina de favores, violando os princípios mais elementares da Constituição.
Enquanto Glauber Braga é alvejado por denunciar essas engrenagens, parlamentares envolvidos com acusações gravíssimas — homicídio, corrupção, lavagem de dinheiro — seguem intactos, blindados pelo pacto do silêncio que impera no Congresso. O mesmo relator que hoje pede a cabeça de Glauber se omitiu diante do processo contra Chiquinho Brazão, acusado de participar da execução da vereadora Marielle Franco.
Se algo mancha o decoro da Casa, não é a fúria legítima de um parlamentar diante de uma ofensa vil — é a proteção sistêmica aos que operam nas sombras, aos que traficam influência, aos que querem calar os que ousam dizer o óbvio: o sistema apodreceu.
Este texto não é sobre partidos. Não é sobre bandeiras. É sobre justiça. Sobre coerência. Sobre humanidade. Se você, como eu, acredita que ninguém deve ser punido por ser humano — e muito menos por dizer a verdade — então levante a voz. O silêncio, neste caso, é cúmplice.
Glauber Braga não deve ser cassado. Ele deve ser defendido.
Informações sobre o autor: Carlito de Souza – Corretor de imóveis e seguros, fotógrafo por hobby, motociclista por essência, e alguém que escolhe a luz dos fatos em vez da sombra das narrativas.
Fontes e referências:
- Agência Câmara de Notícias
- Agência Brasil
- UOL Notícias
- CNN Brasil
- Supremo Tribunal Federal – ADPF 854
- Wikipedia: Orçamento Secreto
