Esqueça as tarifas por um instante. O noticiário estampa a troca de farpas comerciais, os contêineres parados, a sobretaxa sobre produtos. Mas a verdadeira tensão na relação EUA-China, a que realmente tira o sono de estrategistas em Washington e Pequim, pode residir não nos portos, mas nos cofres. Estamos falando de centenas de bilhões de dólares – algo
em torno de US$ 800 bilhões [1] – em títulos do Tesouro americano que a China mantém em suas reservas. Uma “opção nuclear” financeira, silenciosa mas potente, capaz de desencadear um tsunami nos mercados globais. Por que, então, essa arma devastadora permanece no coldre? A resposta revela a complexidade estonteante de uma guerra travada em múltiplos tabuleiros.
O Palco Visível: Tarifas, Tecnologia e Discurso
A guerra comercial que domina as manchetes é real e dolorosa. Iniciada com a retórica agressiva de Trump e mantida, com estratégias distintas, por governos subsequentes, ela envolve barreiras comerciais, disputas por supremacia tecnológica (5G, chips, IA) e uma batalha narrativa sobre modelos econômicos e influência global. Empresas reavaliam cadeias de suprimento, custos sobem, e a incerteza paira sobre a economia mundial. Mas isso, como veremos, é apenas a ponta do iceberg financeiro.
➡️ Leia a Parte 2 – A Arma Silenciosa: O Tesouro Americano como Bomba-Relógio