Se a arma financeira é tão poderosa, por que Pequim parece mais resiliente na guerra tarifária e hesita em usar seu trunfo financeiro? Ouve-se frequentemente o argumento de que a China seria mais vulnerável. Contudo, essa análise muitas vezes ignora a escala e a estrutura da economia chinesa.
As exportações diretas para os Estados Unidos representam uma fatia relativamente pequena do colossal PIB chinês – estimada por analistas em cerca de 2% a 3% [2, 3]. Isso relativiza a dependência macroeconômica direta do mercado americano, dando à China um fôlego considerável. Isso não significa, porém, que Pequim não sinta os efeitos: setores são de fato pressionados, o governo precisa recorrer a estímulos que geram endividamento, e a incerteza afeta o investimento privado. A questão central parece ser a maior capacidade relativa de gerenciamento estatal e absorção macroeconômica desses impactos.
Some-se a isso outros fatores que conferem resiliência a Pequim:
- Planejamento Centralizado e Resposta Coordenada: A visão de longo prazo permite ao governo chinês orquestrar respostas coordenadas [3].
- Mercado Interno Gigantesco: O crescente poder de compra transforma o mercado doméstico num motor vital.
- Diversificação Acelerada de Mercados: A China vem cultivando agressivamente relações comerciais com outras regiões.
- Integração Profunda nas Cadeias Globais: Desfazer esses laços é um processo lento e custoso [3].
- Salto Tecnológico: O investimento pesado visa reduzir a dependência externa.
➡️ Leia a Parte 4 – O Paradoxo Americano: A Aposta de Risco do Tio Sam